Está na hora de voltarmos o protagonismo às lutas femininas e colocarmos a mulher em foco mais uma vez. Afinal, o dia 08 de março é uma data de luta e resistência. 

Quando falamos de mulheres, vemos uma generalização constante, que aparece na cultura girl boss – mulher moderna empoderada – e no outro extremo a trad wife – mulher tradicional que prefere o papel de gênero engessado. 

Mas, como a filósofa estadunidense Donna Haraway diz no Manifesto Cyborgue: “não existe uma mulher universal, mas uma experiência das mulheres, em que mulheres diferentes em todos os aspectos são cobradas pelos mesmos requisitos e parâmetros ao redor do mundo”. 

Enquanto olharmos para as mulheres a partir do estereótipo Mulher continuaremos reféns de uma sociedade construída por e para homens. Maura Hayas, do nosso time PressTexto, reforça que “é importante ouvir mais e julgar menos” para combater o patriarcado. 

Quem cuida da mulher que cuida?

Um dos estereótipos femininos é o da mulher que cuida e não é remunerada por isso. Um estudo da Fundação Seade, em 2023, revela que, no estado de São Paulo, 90% dos cuidadores são filhas, noras, cônjuges e netas que prestam cuidado informal e tem, em média, 48 anos. 

Estamos também vendo um fenômeno novo: a Geração Sanduíche, que, de acordo com o IBGE, corresponde a mais de um terço da população, sendo a maioria mulheres. Essa geração é a que precisa cuidar de pais e/ou avós, que vivem mais com o aumento da expectativa de vida, e de filhos e/ou netos, que demoram a ter uma independência financeira. 

Mulheres que cuidam acabam sobrecarregadas, muitas vezes até abandonando trabalhos remunerados e estudos para se dedicar ao cuidado da casa e da família. Além disso, alguns subgrupos acabam sendo ainda mais afetados, como as de 36 a 55 anos (57%) e as pretas e pardas (50%). 

Segundo o IBGE, as mulheres dedicam, em média, 10,4 horas por semana a mais do que os homens nas tarefas domésticas e, também, nos cuidados não remunerados com pessoas. 

Um relatório da ONG Think Olga de 2023 ainda mostra que essas mulheres representam 7 em cada 10 pessoas diagnosticadas com depressão ou ansiedade no Brasil. 

Mulher moderna: Girl Boss x Trad Wife

Quando pensamos no que é ser mulher em pleno século 21, a imagem de uma mulher ambiciosa no trabalho, que se cuida, que sabe o que quer e que ainda consegue cuidar dos filhos e da casa, sem ficar sem seu lazer e seus amigos vem à mente. 

Chegamos a esse novo estereótipo depois de algumas conquistas feministas acumuladas desde os séculos 15 e 18, quando se registraram os primeiros movimentos de defesa da mulher. Porém, essa dupla ou tripla jornada ainda é uma forma de controle do padrão machista de sociedade. 

Por isso, a luta da mulher moderna ainda não terminou e o feminismo continua tendo um papel fundamental, embora o movimento enfrente ainda muita resistência, inclusive de mulheres. 

Segundo a especialista em feminismo e professora da Universidade de Brasília, Susane Rodrigues de Oliveira, ideias antifeministas têm ganhado expressividade no Brasil por ser um país ainda educado em torno de valores conservadores e cristãos. 

Hoje, vemos um movimento no mínimo interessante nas redes sociais e entre as mais jovens: um grupo de mulheres que não se veem oprimidas e que até exaltam o papel da mulher determinado pela sociedade machista, seguindo de perto o movimento masculino conhecido como Red Pill 

Nos últimos sete anos, as Trad Wives, também conhecidas como Esposas Tradicionais, se destacaram. Elas escolhem um papel mais tradicional de gênero, baseado nos parâmetros de 1950 dos Estados Unidos: dona de casa, mãe 100% dedicada às crianças e submissa ao marido, ressuscitando o sonho americano. 

Essa tendência se mostra popular entre jovens que se sentem estressadas e pressionadas pela cobrança Girl Boss do mercado de trabalho e, frente ao peso de uma jornada dupla, a ideia de ser uma dona de casa em tempo integral é tentadora. 

Dia Internacional da Mulher: Que mulher é você?

A gente deixa essa pergunta em aberto para você refletir. Mas, muito além da reflexão, nós queremos dialogar. Esse diálogo já está aberto por aqui. Em uma roda de conversa, as mulheres do time Press (Maura Hayas, Dani Lau, Bruna Habiro, Van Martins e Gisele Ferreira) falaram como se veem nestes perfis, contaram suas vivências, desafios, conquistas e tudo o que as torna únicas, poderosas, vitoriosas, e, sobretudo, orgulhosas de si.

Esse bate-papo estará disponível no nosso Instagram. Acesse, comente e participe dessa conversa.

Por: Bruna Habiro