Não separar sujeito do verbo!! Não usar crase antes de substantivo masculino! Análise Subordinada Adverbial! Dois dedinhos antes do parágrafo! O que acontece com o nosso querido Português?
Quem não teve “aquele” professor ou professora de Português que foi odiado ou amado em sala de aula por essas ou por outras milhares (literalmente) de regras e normas dessa nossa tão mal tratada Língua?
Pois bem. Em pleno século XXI – e lá se foram duas décadas dele – qual será o futuro da nossa Língua Portuguesa em tempos de smartfones, whatsapp, vídeos, algoritmos de busca e tablets infantis?
Qual será a importância da língua de Camões em tempos de palavras aportuguesadas, que aos poucos vão dominando o dia a dia das escolas, das empresas e dos ambientes sociais em geral?
Você “brifa” alguém ou “deleta” a pessoa da sua vida? Você faz um “call” ou envia um “e-mail”? Você dá um “look” ou manda um “zap”?
Como uma Língua tão culta e, portanto, de tamanha expressão e complexidade em sua origem pode sobreviver a um mundo pautado por tecnologias que mal-usam palavras para facilitar o cotidiano de usuários cada vez mais apressados e cada vez menos alfabetizados??
Chamar um UBER, por exemplo. Escrever para que?
Pedir uma pizza no seu aplicativo, realizar transações bancárias, “escanear” um documento, ir ao supermercado sem sair de casa, assistir à sua série preferida na “Netflix”, na “Amazon”, na “HBO”…
Profissionais da Palavra
A essa altura do texto, profissionais como revisores, jornalistas, escritores, redatores, professores, editores e autores em geral já pararam de ler tamanho o arrepio causado só de pensar nessa ideia.
Para esses – incluindo o nosso mundo da Comunicação Corporativa – o simples fato de imaginar essa possibilidade simplesmente não existe.
Mas e a realidade do restante do planeta? Seremos nós a brigar com ela?
– Ah, mas uma Língua como o Português não vai morrer jamais!
Será?
E o Latim, que até “outro dia” na História ainda era cantado em verso e prosa? E as Línguas indígenas, originais de povos continentais, simplesmente esquecidas, algumas em menos de 500 anos?
Sim, as Línguas morrem. E junto com elas suas histórias, seus costumes, suas identidades.
Mundo Corporativo
E como é que nós ficamos?
Sim, “nós”, profissionais de comunicação, que trabalhamos todos os dias para criar campanhas, textos, argumentos, formatos. Que exercitamos todos os dias nossa capacidade de invenção e de reinvenção para passar a melhor mensagem, no melhor formato, da maneira mais objetiva e eficiente.
Qual a nossa matéria-prima se não a nossa Língua?
Claro, temos hoje a própria tecnologia a nosso favor, mas continuamos dependendo – e muito – da nossa capacidade de criação de conteúdo, de argumentos, de organização e encadeamento de ideias.
Isso vai mudar no futuro próximo? Se sim, quando isso será?
Bom, exercícios de futurologia à parte, nossa missão é usar nossa Língua com correção, até como uma maneira de incentivar seu entendimento e suas possibilidades.
E é nesse ponto que nos deparamos com outras duas questões, tão cruciais quanto polêmicas: a formação dos profissionais e, o pior, a importância que a audiência (nossos clientes potenciais, portanto) dá para essa questão.
Será mesmo que o “mundo do futuro” dá à Língua Portuguesa a importância devida?
Dois temas que ficam para um próximo texto.
Ainda em Português.
Por: Ricardo Pinheiro