Como a comunicação interna no setor de saúde pode se conectar aos colaboradores da operação sem interferir nem prejudicar o trabalho tão importante que realizam?

Imaginem uma Instituição de saúde – pode ser um hospital, uma clínica, um laboratório, por exemplo – com mais de 2 mil colaboradores, dentre os quais 70% são profissionais de saúde que atuam no atendimento aos pacientes.

Trabalham em turnos diferentes, sem tempo para usar o celular, sem acesso a um computador próprio e numa jornada de trabalho em que o outro – no caso o paciente – é o foco principal, com uma demanda constante de atenção e cuidado.

Como podemos ajudá-los a realizar seu trabalho com mais consciência, eficácia e seguindo os valores e a missão da instituição que representam?

Precisamos voltar um pouco no tempo

Não é fácil hoje e era ainda mais difícil nos anos 90, quando não havia internet. Foi nessa época que a PressTexto Comunicação começou a trabalhar com clientes do setor de saúde: médicos, clínicas e o primeiro Hospital (Hospital Santa Catarina, em São Paulo) trouxeram muitos desafios para nossa equipe. Esses primeiros clientes tinham como foco a comunicação externa por meio da Assessoria de Imprensa. Ou seja, nosso papel era divulgar, na forma de notícias, informações, ações, iniciativas e demais temas relacionados às instituições que nos contratavam.

Credibilidade em primeiro lugar

Falar de saúde é uma responsabilidade muito grande, seja por meio da comunicação interna ou externa. É preciso apurar correta e profundamente as informações, consultar médicos ou profissionais especialistas para não cometer erros ou divulgar informações inconsistentes. A regra é clara e vale para os dias de hoje (precisamos falar sobre fake news). Se você comunica algo falso, com erros ou inconsistências, alguém vai perceber, isso vai se espalhar e a sua credibilidade para futuras comunicações vai para o lixo.

Naquela época gastava-se muito com materiais impressos: revistas, jornais, murais, comunicados impressos, etc. A criatividade das agências e profissionais de comunicação tinha de ser colocada à prova em cada campanha, em cada divulgação, pois ter um material impresso não significa que ele vai ser lido.

E esse é o grande problema que todo processo de comunicação enfrenta. Como podemos garantir que o nosso público-alvo irá ler, ouvir, se conectar com a mensagem que temos de passar?

A resposta é simples, mas chegar a ela requer muito trabalho, pesquisa e observação. Para provocar no outro o desejo de ler, ouvir ou se conectar a uma notícia, a um material impresso, revista, jornal, o que for, temos de tornar o que falamos ou escrevemos interessante, importante e/ou necessário. Sem isso, a mensagem pode até ser lida, mas será esquecida como as manchetes dos jornais de antigamente que num dia eram uma bomba e no dia seguinte se tornavam embrulho de peixe ou tapete para o xixi do pet.

Conhecer para conectar

Pra isso não acontecer, assim como o papel de um enfermeiro é cuidar do paciente, prestar atenção nos sinais vitais, na dor, no desconforto, o papel do profissional de comunicação é cuidar e conhecer do seu interlocutor. Com quem estamos falando? O que é importante, interessante e/ou necessário para esse público? Como chamar sua atenção em meio a tantas atividades que ele tem?

Bom, aqui vai a opinião pessoal de uma profissional que pensa a comunicação há 30 anos. Só se comunica bem com afeto. Especialmente na área de saúde, como veremos a seguir num dos nossos cases. Só se comunica com eficiência se houver um olhar atento e uma escuta constante das necessidades do outro. Assim como não posso dar dipirona para tratar unha encravada, na comunicação não adianta escrever ou falar o que não interessa, não é necessário ou importante para o outro. O remédio tem de curar ou aliviar a dor do outro. A comunicação também.

Voltando ao setor de saúde, nos últimos 29 anos, a PressTexto Comunicação tem se debruçado nessa experiência de conectar pessoas e ideias, conquistas, conceitos, etc. Nossa vivência no setor foi muito rica com clientes como Hospital Santa Catarina, Centro de Combate ao Câncer, Santa Cruz Medicamentos, Hospital Beneficência Portuguesa, entre outros. Mas foi a parte de 2016 que intensificamos nosso trabalho, agora com foco na comunicação interna no setor de saúde, na Rede Ímpar, à época formada a partir da aquisição pelo Dr. Edson de Godoy Bueno (falecido naquele ano) de 6 hospitais, sendo 2 no Rio de Janeiro, 2 em São Paulo e 2 em Brasília.

 Comunicação Interna no setor de saúde – Case Rede Impar 

Quando começamos a trabalhar a comunicação interna na Rede Ímpar, os hospitais tinham sido comprados há pouco tempo e não havia quase nada de comunicação corporativa. O setor de saúde é muito específico, por exemplo, na Rede Ímpar cada hospital tinha uma cultura local, uma identidade diferente e um processo de comunicação igualmente diverso. Havia apenas um designer para fazer toda a comunicação dos hospitais e nenhum jornalista.

Desenvolvemos manuais diversos para orientar os profissionais de forma unificada. Definimos um projeto gráfico e editorial para a comunicação a todos por meio de comunicados e murais instalados nos espaços de descanso dos profissionais em cada hospital. Criamos a assinatura Juntos somos uma rede. Somos todos Impar, que foi aplicada a todos os materiais desenvolvidos.

Fizemos fotos padronizadas para divulgar em todos os canais de comunicação da Rede. E foi criado um app para facilitar o acesso à comunicação pelos colaboradores da operação. Quando se fala com pessoas, é preciso mostrar as pessoas. E contar histórias de pessoas. Valorizar o profissional que passa o dia cuidando das pessoas é fundamental nesse setor.

Desafios da comunicação interna no setor de saúde durante a pandemia

E aí chegamos a 2019. A pandemia de Covid começa a se alastrar no mundo. Ao mesmo tempo em que notícias alertam sobre os cuidados, pouco se sabe sobre os reais impactos do vírus. É em 2020 que realmente a situação se complica e começamos a sentir os efeitos nas atividades dos profissionais de saúde. Por exemplo, com turnos dobrados, muitos não podiam voltar pra casa para não contaminar parentes, medo, insegurança. Como informar e tranquilizar esses profissionais que viam pessoas morrerem aos montes sem saber o que ia acontecer a seguir?

Junto com a equipe de comunicação interna, criamos uma web série chamada Protagonistas do cuidado, em que os próprios profissionais de saúde contavam suas experiências durante a pandemia. Afinal, dar voz a quem está na linha de frente torna a mensagem mais forte, mais impactante e, principalmente, conectada ao que está acontecendo.

Promovemos o protagonismo dos profissionais de saúde ao criar a campanha da Semana da Enfermagem, com peças diversas mostrando profissionais em ação exercitando a excelência, a qualidade e o cuidado, valores da rede.

Também produzimos uma série de vídeos com Carlos Aldan de Araújo – CEO e presidente do Grupo Kronberg sobre inteligência emocional, a fim de instrumentalizar os profissionais com informações e conceitos que pudessem ajuda-los a seguir firmes no propósito de cuidar da vida em primeiro lugar, mas mantendo sua saúde mental.

Assim, durante a pandemia, percebemos que a comunicação tem muitos braços e que podemos – e devemos – usá-los ao máximo para tornar a conexão com as pessoas real.

Case 2 – Virada de Marca Ímpar – Dasa

Em meio a tudo isso, a Dasa, uma grande empresa do setor de saúde, absorveu a Rede Ímpar, em 2021, e era preciso fazer uma campanha de comunicação interna para falar sobre a virada da marca.

Criamos, então, um mote que deu continuidade ao pensamento de que juntos somos mais fortes: Somos muitos. Somos mais. Estamos Juntos. Somos uma só Dasa. Dessa forma, a ideia de unir esforços no setor de saúde com grupo que à época contava com 40 mil colaboradores ajudou a engajar os colaboradores.

Construímos uma campanha com peças físicas diversas, mas, em função do lockdown, tivemos de criar muito material online. O Workplace, principal canal de comunicação da Dasa, passou a ser um ambientado peças da Campanha. Criamos stickers com figurinhas para usar nas comunicações via WhatsApp, filtros de Instagram, email marketing, gifs e vídeos.

Nosso desafio era fazer com que os colaboradores Ímpar se sentissem Dasa e os colaboradores Dasa acolhessem os novos colegas. Afinal, estávamos juntos para cuidar da saúde das pessoas em meio a maior pandemia que já havíamos vivido. O espírito de solidariedade e união  nos ajudaram a comunicar a virada da marca com engajamento. Isso porque focamos na mensagem principal: estamos unidos para cuidar das pessoas.

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Por Maura Hayas